Transcrição
LIVRO DE MEMÓRIAS N.º 2
Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde (PT/ADPRT/MON/CVSCVCD/011/0155, fls. 65-70v)
(Fl. 65)
Noticia do que se passou neste Reyno, depois q nelle entrarão os Francezes, e Hespanhoes
No Anno do Nascimento do N. Sn. Jesus Christo de Mil oito centos e sette, Governando este Reyno de Portugal como Principe Regente, o Senhor D. João por impedimento de molestia da Raynha Sua May Senhora D. Maria 1ª; filha do Senhor D. José 1º. e Mulher do Senhor D. Pedro 3º., foy prevenido o dito Senhor Principe Regente de que os Francezes e Hespanhoes pertendião entrar de assalto neste Reyno para se senhoriarem delle, e das suas Americas; e que nesta trayção entravão certo Ministro de Estado, e outros validos no Paço, e alguns Fidalgos. Esta noticia antecipada, que se reputava mentiroza, veio depois a realizar-se por avizo de huma Fragata Ingleza, que entrou em Lisboa, cujo Commandante foy buscar o Principe, e lhe testemunhou de huma maneira tão evidente a inconfidencia, e a trayção, que lhe estava eminente, que o moveo a sahir do Reyno; e antes de o fazer deixou huma Proclamação aos seus Vassalos, em 26 de Novembro do dito anno pela qual lhes fazia saber, com muita ternura, e Amor Paternal, os motivos que o fazião partir para o Ryo de Janeiro até a Paz geral; nomeando huma Deputação de Ministros, que na sua auzencia regessem o Reyno, sendo Presidente o Marquez d’Abrantes.
No dia 30 do dito Mez de Novembro do sobredito anno entrou em Lisboa o General Junot Commandante em Chefe do Exercito Francêz com huma Tropa de Soldados, repentinamente; e como a esse tempo já o Principe se achava embarcado no Tejo, com toda a Familia Real, e muitos Fidalgos, e Povo, que o quiz acompanhar, ahy mesmo o foi procurar o dito General Junot, e com muitas promessas o quiz rezolver a tornar a vir para terra, (fl. 65v) dizendo, que de ordem de Napoleão Imperador dos Francezes o vinha proteger, e deffender este Reyno dos Inglezes; pois como tinhão sido expulsos delle, e confiscados os seus bens a Rogos, e Requiziçõens de mesmo Imperador, hera de recear, que viessem fazer-lhe algum attaque por Mar, em desaggravo de os lançarem fora. Mas o Principe, que estava instruido de que a vinda dos Francezes se dirigia contra a Sua Real Pessoa, querendo poupar o sangue dos seus Vassalos, como elle declarou na Proclamação da sua despedida, não quiz annuir aos Rogos do General Francêz, e partio no dia 3 de Dezembro do dito anno, para o Ryo de Janeiro, com a Sua Armada, deffendida por outra Ingleza, que o acompanhou na sua Viagem, a qual fellizmente concluhio com fellicidade, conhecendosse por hum Prodigio do Ceo a inopinada Rezolução com que se animou a passar o Mar, e a bonansa do tempo com que foi favorecido, na Estação do Rigoroso Inverno. Logo depoys da Sua partida entrou o General Junot na posse, e administração deste Reyno, abolindo, e extinguindo a Autoridade da Regencia deixada pelo Principe, passando a nomear ministros de Estado, Conselheiros, Intendente Geral da Policia, e Corregedores Mores nas Provincias, todos Francezes, espalhando a sua Tropa por todo o Alemtejo, e de Lisboa até Coimbra.
Para a cidade do Porto veio huma grande Tropa de Soldados de pé, e de cavallo, Hespanhoes, que se forão dividindo até Valensa, debaixo da Comandancia do General em Chefe D. Francisco de Taranco, e Lhano, dizendosse com prezumpçoens evidentes, que entre a França, e a Hespanha, se tinha ajustado repartir o Reyno de Portugal, e os Brazis, de que houverão indicios muito provaveis, com amargura, e consternação dos Portuguezes, que sempre fazião dolorozas (fl. 66) Lamentaçoes pelo seu Principe. Fallesceo no Porto, o dito General Taranco, e como se tinha comportado com muita politica, honra, e humanidade, lhe fizerão exequias proprias de huma pessoa Real, e foi sepultado na Igreja dos Padres de Santo Eloy.
Veio outro General substituilo no Governo, que comprehendia a Provincia de Entre Douro, e Minho, até, que o General Junot declarou que o Imperador dos Francezes mandava, que o Imper digo, que este Reyno fosse todo governado, em Seu nome; e por esta Ordem, e com o Titulo de Duque de Abrantes, entrou no absoluto governo delle.
Mandou logo dar baixa, e extinguir todos os Regimentos Portuguezes; e tirar o Armamento a toda a Tropa Milliciana. Mandou, com graves penas, que os todos os Portuguezes entregassem as Armas de Fogo; que não uzassem de paus, e estoques; prohibio o exercicio da caça; os ajuntamentos, e a liberdade de andar de noute.
No primeiro de Fevereiro deste anno de Mil oito centos e oito, se publicou hum Decreto em nome do Imperador; mandando, entre outras couzas: Que a casa de Bragança nunca mais tornasse a Reynar: Que os Bens da Coroa, da Raynha, do Infantado e da dita casa de Bragança fossem sequestrados: Que os Bens dos Fidalgos, e mais pessoas que tinhão acompanhado o Principe, fossem confiscados: Que as Pratas de todas as Igrejas fossem para o Erario, exceptuando somente os Vasos Sagrados, e as Coroas, e Resplendores dos Santos: Que Portugal pagasse huma Contribuição de Guerra de quarenta Milhoens de Cruzados: Que os Mosteiros, e mais Corporaçoes Eccleziasticas pagassem trez partes do seu rendimento annual; e os Donatarios dos bens da Coroa, que (fl. 66v) que pagassem o quinto dobrado, alem de outras muitas contribuiçoens que constão do mesmo Decreto. Mandou outra Ordem para se picarem as Armas Reais, donde quer que estivessem, e tomou conta de todas as Rendas publicas do Reyno; e finalmente deu muitas providencias para nao haverem barulhos, levantamentos, e tumultos, mantendo os Povos em pacificação, e permittio Deos, que os Portuguezes se mostrassem humildes, e fizessem Liga Social com os Francezes, e Hespanhoes, dandolhes aquartelamentos, e pagando as contribuiçoens, apezar de serem excessivas.
Os Inglezes, estimulados destes procedimentos, bloquearão as Barras deste Reyno, com tanto aperto, que nunca mais houve Commercio; e os Navios, que vinhão do Brazil os levarão para Inglaterra, sem deixarem entrar fazendas, nem mantimentos, com grande consternação, e prejuizo de todos; porem quiz Deos, que os generos da primeira necessidade, como forão o Pão, Vinho, Azeite, e outros viveres não sobissem de preço.
No meio de tantas amarguras servia de lenitivo aos Portuguezes ser esta inffelicidade geral entre todas as Potencias da Europa; e sentio este Mosteiro as mesmas penalidades, como forão, entre outras, as seguintes: Entregou as Pratas da Igreja, que pezaram oito centos, e trinta Marcos, Seis onças e quatro oitavas; as quaes forão remettidas, com as mais desta vila, para Barcellos, e de lá forão para a cidade do Porto, ficando a nossa Igreja despojada de toda a sua Riqueza, esplendor, e magnificencia sem Alampadas, sem castiçaes, sem toxeiras, e sem o Alampadario grande que ornava o meio da Igreja e que fazia huma parte principal do seu brilhantismo; alem do thuribulo, e Naveta, Caldeira d’agoa benta, Galhetas, Estantes dos Missaes, frontal, e banqueta do (fl. 67) do Altar Mor, e Commungatorio, e Cruzes, que tudo se entregou por não incorrer nas penas impostas aos que occultassem alguma couza. Pagou esta Communidade trez partes do seu Rendimento annual, em trez pagamentos, importando cada hum trez contos trezentos cincoenta, e dous mil trezentos oitenta, e oito Reiz, e meio, alem do quinto duplicado, que importou nove centos vinte dous mil cento vinte, e quatro Reiz, em trez pagamentos.
Ficou esta Communidade na penuria de lhe não ficar de resto no prezente anno, depois de pagas as ditas contribuiçoens, mais, que para as despezas de trez, ou quatro Mezes. Mandou a justiça picar as Armas Reaes, que se achavão sobre a Porta da entrada da Galilé; e não se picarão as do Dormitorio novo que faz frente para o Ryo, porque os Pedreiros se não quizerão expôr a perigo de vida, pela grande eminencia, e direcção, em que se achão.
Hera neste tempo Abadessa deste Mosteiro a Muito Reverenda Madre, e Senhora D. Maria Jozé de Bellem, e Vasconcellos da Caza da Fervensa, que soffreo todas estas oppressoens, prejuizos, amarguras, e falta de pagamentos dos Rendeiros, com muita paciencia conformidade, e Rezignação com a vontade de Deos, mostrando sempre, no meio das maiores vexaçoens, com que foy attenuada no seu Triennio, hum espirito magnanimo, confiando sempre da Divina Providencia o Socorro, e auxilio de que tanto precizava em hum Seculo, em que a maior parte do Mundo foy revolucionada. E para no futuro constar esta verdade, se fez a prezente descripção, que eu D. Luzia Barbara de S. Jozé Escrivãa do Mosteiro subscrevi e assignei.
(Fl. 67v)
Continuação do mais que aconteceo
Estando este Reyno governado pelos Francezes, debaixo das ordens do General Junot, entrou este a tractar mal aos Hespanhoes, e a multiplicar os tributos aos Portuguezes que gemião às penúrias de hum captiveiro insopportavel, concorrendo para esta desgraça a maior parte dos Ministros, Generais, Governadores, e Officiaes de Guerra, deste Reyno, que ou por medo, ou por vis interesses se tornarão inconfidentes.
Os Bispos de Coimbra, e do Algarve; os Marquezes d’Abrantes pay, e filho, o irmão do Duque de Cadaval, e outros Fidalgos de Lisboa partirão, como Deputados deste Reyno, para Bayona de França, aonde se achava Napoleão, a render-lhe Vassalagem, em nome da Nasçao, e a pedir-lhe Rey, visto, que a caza de Bragança se achava abolida; levando para isso huma vergonhoza reprezentação, injurioza aos nossos Legitimos Soberanos, e odioza aos fieis Portuguezes, que para tão horrorozo sacrifício nunca derão consentimento.
Ao tempo, que se achavão em Bayona aqueles Deputados, aconteceo na Hespanha huma desordem entre o Rey Carlos Quarto, e seu filho o Principe Fernando, dividindosse o Povo em dous partidos, hum a favor do pay, e outro do filho, até que obrigarão àquele a ceder neste o Reyno, abdicando de si o governo, com o pretexto de molestias, que padecia. Entrou Napoleão a querer ser o medianeiro desta perturbação, e arbitro para julgar a qual dos dous pertencia reger a Coroa da Hespanha; e no entanto mandou seu cunhado Murat intitulado Principe de Berg, que viesse governar a Hespanha, tendo já feito entrar no dito Reyno mais de dozentos mil homens de Tropa, debaixo do nome de boa amizade, e protecção, para poder conseguir as (fl. 68) as traiçoens aleyvozas, que projectava, e que tinha practicado nos mais Reynos que havia conquistado, e destruido por meios injustos, e inconfidencias dos Generais que sobornou para falciarem aos seus Monarchas. Entrando o dito Murat no Governo da Hespanha, deffendido por hum grande Exercito Francêz, com quem se aquartelou em Madrid, passou Napoleão a chamar a Bayona de França, aonde se achava, a El Rey de Hespanha, sua mulher e filhos, e a toda a família Real; e todos illudidos e cegamente alucinados por aquele uzurpador aleivozo, apezar dos clamores do povo, que os não quizerão deixar passar dos lemites da Hespanha, se forão entregar como cordeiros ao Lobo devorador da humanidade, ambiciozo de dominar o Mundo inteiro.
Logo, que o impio Napoleão vio em Bayona toda a Familia Real da Hespanha, a mandou recolher ao centro da França separando ao Principe Fernando de seus pays, e pondo a todos em cautella, com guardas á vista, ficando sem Liberdade, e como prezos; consignandolhes certa quantia para o seu modico, e indigente tractamento, com escandalo, de todo o Mundo. Publicou hum Decreto, pelo qual declarou que toda a Familia Real da Hespanha hera inhabil para Reynar, e nomeou a seu irmão Jozé, que reynava em Napoles, para Rey da mesma Hespanha. Com estes procedimentos nunca vistos se irritarão tanto os Hespanhoes, que se levantarão em massa tomando armas contra os Francezes, com quem travarão huma guerra sanguinoza; e ao mesmo tempo se retirarão os Soldados Hespanhoes, que se achavão na Cidade do Porto, levando prezos (fl. 68v) o General e outros officiaes, e Tropa Franceza, que se achava na dita Cidade. Sabendo Junot da retirada dos Hespanhoes, e que havião levado prezos aos seus Generaes, mandava dous mil homens Francezes para guarnecerem a cidade do Porto, e matarem huma grande parte dos seus habitantes, por se não terem opposto ás prizoens feitas pelos Hespanhoes, sem se lembrar, que os Portuguezes tinhão entregado as Armas; e não podião deffendersse, nem rezistir, ainda que o quizessem fazer.
Ao tempo pois que os Francezes marchavam para o Porto a toda a pressa, inspirou Deos Nosso Senhor nos coraçoens dos Povos daquela cidade e outras terras deste Reyno, que se resgatassem deste infame captiveiro, escapando á morte cruel, que lhe preparava a impiedade daquela Nasção.
Foy nos dias 18 e 19 de Junho do dito Anno de 1808, que todo o Povo, em massa Acclamou na dita Cidade do Porto ao Principe Regente o Senhor D. João 6º, legitimo Successor desta Monarchia, e o mesmo se fez em outras Villas, e cidades das Provincias do Minho, e da Beira, arvorandosse as Bandeiras de Portugal, e renovandosse as Armas da Coroa, e da Serenissima Caza de Bragança em todas as partes, em que se tinhão amortizado: Estabeleceosse na mesma Cidade do Porto huma Regencia, denominada = Juncta Provizional do Governo Supremo = de que hera Prezidente, e Chefe o Excelentissimo Bispo da dita Cidade, a quem mesmo Povo foi procurar, e pedir que quizesse Governar em Nome do Principe Nosso Senhor, o qual de boa vontade se sacrificou a este trabalho, nomeando para Ministros e Conselheiros ao Provizor, ao Vigario Geral; ao Juiz da Coroa, e outros; e para Secretario de Estado ao Dezembargador Manoel Joaquim Lopes Negrão natural do Lugar de Azurara: e todos unidos em consumada sabedoria (fl. 69) e prudencia; amor da Patria, fidellidade ao nosso Amavelissimo Principe, e fellicidade dos Povos, entrarão no Governo deste Reyno desinteressadamente, com geral satisfação de todos. Mandarão organizar as Tropas, e augmentar o numero dellas com innumeraveis Mancebos, que de todas as Provincias se alistarão e tomarão Armas voluntariamente. Como as despezas herão muitas e faltava o Commercio, se pedia a todos os Vassalos hum donativo voluntario; e este nosso Mosteiro, apezar de ter tido muitos prejuizos, perdas e tributos, que pagou aos Francezes, deu quinze mil Cruzados.
Acudirão em nosso auxilio os Inglezes com dinheiro, Armas e Gente, que unida á nossa Tropa, e a alguns Hespanhoes, que também nos vierão auxiliar, formarão hum grande Exercito, que marchou para Lisboa, a fim de lançar fora os Francezes, que nella se achavão, commandados por Junot, e tiverão no Caminho varios encontros com alguma Tropa Franceza, que se tinha debandado por differentes Terras, aonde matarão aleivozamente alguns Portuguezes, e commetterão muitos sacrilegios nas Igrejas, mostrando em todas as suas acçoens, e comportamento ser huma Gente sem Religião, sem piedade, sem honra, e sem vergonha. Sahio Junot de Lisboa, e veio em distancia de nove Legoas com os seus Soldados esperar o nosso Exercito, que hia dividido em trez collumnas; e encontrandosse com huma dellas, que se compunha de Portuguezes e Inglezes, travarão combate, no qual forão desbaratados os Francezes, morrendo huns; e retirandosse outros para Lisboa, com Junot, o qual pedio Suspenção d’ Armas por trez dias, para se entregar por capitulação.
Entregousse finalmente o dito Junot, com toda a Tropa Franceza, aos Inglezes os quaes os fizerão prizioneiros de Guerra, e os levarão para bordo da sua Esquadra, que tinha entrado no Tejo, fazendo a todos huma rigoroza busca, na qual acharão muitos ouro, prata, e dinheiro, que tinhão saqueado neste Reyno. Logo se arvorarão em Lisboa as Bandeiras Portuguezas, fazendosse por todas as Cidades, e Villas deste Reyno Jubilozas demonstraçoens de alegria, e rendendosse a Deos Sollemnes Graças por nos haver remido de hum (fl. 69v) captiveiro tão infame; e de novamente se tornou a levantar a Regencia que o Principe tinha estabellecido antes da sua sahida, cofiando o Supremo Governo, que a necessidade, e o Povo havião erigido na Cidade do Porto, sendo o Excelentissimo Bispo desta Cidade, nomeado, e chamado para Membro da mesma Regencia, depois de ter dado as mais descididas provas de Sabidoria, prudencia, bravura, e de muitas outras Virtudes com que desempenhou o Emprego de Governador na mesma cidade, que deixou, com hum louvor immortal, e saudade dos Povos, que o respeitavão, e amavão como a Pay da Patria.
De todos os mais acontecimentos darão noticia circunstanciada as Historias deste Reyno; porque aqui só fizemos menção dos factos mais publicos e tocantes neste Mosteiro. E eu D. Luzia Barbara de S. Joze Escrivaã do Mosteiro, qual a sobscrevi e assignei.
Escrivaã
Continuação das Perseguiçoens feitas pelos Francezes
Quando os Francezes sahirão de Lisboa forão levados á França por Virtude da Capitulação, que fizerão com os Inglezes, e tornando a entrar na Hespanha entrarão em Portugal pela Provincia de Traz os Montes, tomando a Praça de Chaves; e daly passarão a Braga aonde chegarão no dia 20 de Março de 1809 pela manhaã, mattando, saqueando, e fazendo as maiores barbaridades, que por toda a parte praticarão. No mesmo dia 20 de Março pelas 5 oras da tarde chegou a noticia daquele acontecimento, ficando todo o Povo espavorido e com o Receio de que viessem a esta Villa; querendo as Relligiosas deste Mosteiro escapar-se á crueldade daqueles inimigos, sahirão em Communidade acompanhadas dos Padres da Galilé, depois de ser noute, e por entre os gritos, e confuzão do Povo, que igualmente se poz em fuga, tomarão o Caminho da Cidade do Porto, que promettia (fl. 70) toda a segurança e rezistencia contra os inimigos. No dia 21 do dito Mez chegarão á dita cidade a pe, fatigadas, e nas affliçoens de quem fogia da deshonra, e da Morte: as que herão naturaes da mesma cidade buscarão as suas familias; as outras se recolherão em humas cazas do lugar de Massarellos, e propondosse a embarcar para onde se salvassem, recolherão as Pratas e os dinheiros, que havião no cofre em hum Hiate, porem a tempestade, e a furia dos Mares o não deixarão seguir viagem. Avezinharão-se os Francezes á dita cidade cobrindo-a de fogo, a que os seus deffensores não podião rezistir, e entrarão nella na manhaã do dia 29 do dito Mez aonde succederão as desgraças que todos sabem, e assim eles como os Portuguezes roubarão quanto se achava a bordo do dito Hiate, deixando a Communidade sem recurso de que se podesse manter. No dia antes da entrada dos Francezes tomarão as Relligiosas o destino de se debandarem, pois que unidas em comum, nem tinhão meios de subsistencia, nem aonde se acomodassem, buscando cada huma salvarsse como pudesse pelos Montes, pelas Cabanas, e por onde a Providencia lhes ofereceo refugio; passando a Madre Abadessa com algumas Relligiozas até a Cidade de Aveiro aonde se abrigou. Os Francezes passarão do Porto a esta Villa aonde chegarão no dia 31 do dito Mez perto da noute e aonde estiverão até 2 de Mayo; mattando na sua entrada algumas pessoas; roubarão todas as cazas da Villa, de que tinhão fogido quase todos os seus habitantes. Arrombarão toda as entradas deste Mosteiro, todas as Cellas, Armarios, e Officinas, roubarão tudo quanto acharão, e auxilliarão, e permittirão, que a gente da Plebe, assim desta Villa, como das suas vezinhanças roubassem igualmente o que os Francezes não podião levar. Logo que despejarão desta Villa no dito dia 2 de Mayo, vierão para este Mosteiro a Madre D. Joanna Ludovina de Vasconcellos, e a Madre D. Maria Cazemira Ferreira Gaio, e suas irmans, a Madre Vigaria da Caza e apoz ellas se vierão seguindo outras, que se achavão em pouca distansia; ate que no dia 14 de Junho se recolheo a Madre D. Abadessa, a Madre Escrivaã, e muitas outras Relligiozas, até se completar a Communidade, em que só faltou a Madre (fl. 70v) Tereza Rita do Amor Divino, que achandosse em caza da sua familia na dita Cidade do Porto, se não deu aly por segura, e no dia da entrada dos Francezes, hindo a passar o Ryo Douro, se habateu a Ponte, e entrou no numero das desgraçadas Victimas que se afogarão naquele Ryo; preferindo a Morte ao perigo de serem sacrificadas á barbaridade dos Inimigos. Foy no meio de tantas aflicçoens, penurias, e dolorozos acontecimentos que a Madre Abadessa passou o seu Triennio, que logo no principio foy ameaçado de infellicidade com o habatimento do preço das Rendas: Com a falencia do grande Cabedal, que administrava João Lopes Ferraz da dita Cidade do Porto: Com a perda do Pao de Navaes, que não recebeo no seu tempo: Com as contribuiçoens, que pagou para o Estado, alem das que tinhão levado os Francezes; e com outros muitos motivos, que a penalizarão; mostrando em todos os lances, que a paciencia, e a resignação com a Vontade de Deos herão as Armas mais poderozas para vencer, e triunfar das perseguiçoens com que foy attendida. E para assim constar se fez esta declaração, que eu D. Luzia Barbara de S. José Escrivaã do Mosteiro que o sobescrevi e assignei em 7 de Maio de 1810.
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Mostra integrada na 1.ª visita do OpenHousePorto ao ADP 2022
Vitrine 1 Edifício
Alvará de D. Filipe II sobre a edificação do Mosteiro de S. Bento da Vitória
PT/ADPRT/MON/CVSBVTR/0001/00003
Alvará de D. Filipe II que valida o “… contrato entre os vereadores e oficiais da Câmara do Porto, e o Abade e mais Religiosos de S. Bento da Vitória ...” para a edificação do Mosteiro. Este documento está precedido duma petição de prorrogação do prazo para a construção do Mosteiro, e está seguido duma provisão de confirmação do contrato que se fez com a câmara sobre a compra das casas para edificação deste Mosteiro. Fundo: Convento de São Bento da Vitória.
Planta do Quartel Militar de S. Bento
PT/ADPRT/AC/RMN/03-04/0003/00022
Data dos anos 60 do séc. XX e contém os vários serviços e unidades distribuídos pelos pisos do edifício. Fundo: Região Militar do Norte, Serviço de Fortificações e Obras Militares.
Vitrine 2 Arquitetos e Artistas
Contrato ante-nupcial de casamento de Nicolau Nasoni com Isabel Castriotto Riccardi
PT/ADPRT/NOT/CNPRT08/001/0185, fls 186
Nicolau Nasoni foi um artista, decorador e arquiteto italiano que desenvolveu grande parte da sua obra em Portugal, sendo de grande relevância a obra que deixou na cidade do Porto. Casou, a 31 de Julho de 1729, com D. Isabel Castriotto Riccardi, fidalga napolitana, que viria a falecer um ano mais tarde (1730), muito provavelmente na sequência de complicações no parto do seu filho José.
Fundo: 8.º Cartório Notarial do Porto.
Registo de batismo de Marques da Silva
PT/ADPRT/PRQ/PPRT10/001/0027 – assento n.º 137, fl. 68 v
Considerado uma das principais figuras da arquitetura do Porto, José Marques da Silva nasceu no n.º 113 da Rua de Costa Cabral, no Porto, a 18 de outubro de 1869.
O registo do seu batismo pode ser localizado no fundo da paróquia de Paranhos.
Agenda e lornhão
PT/ADPRT/PSS/FXE
Pertencem ao fundo doado pela família de Francisco Xavier Esteves, engenheiro responsável pelo projeto da Livraria Lello.
Vitrine 3 Plantas
Planta da fachada do Cinema Batalha
PT/ADPRT/AC/GCPRT/J-B/192/00004
Processo referente ao cinema Batalha, contendo projetos de alteração e reconstrução do cinema.
Fundo: Governo Civil do Porto.
Pormenores de construção relativos a projeto de móveis da cozinha
PT/ADPRT/AC/FFH-SAALN/OPT-ZIPRT_SVT/004/08.134.001
Pertence ao subfundo Serviço de Apoio Ambulatório Local/Zona Norte_SAAL/N, dependente do Fundo de Fomento da Habitação criado no ano de 1969 e extinto em 1982.
O arquiteto responsável pela brigada técnica da Zona de intervenção do Porto - São Victor foi Álvaro Siza Vieira.
Planta do Mercado Ferreira Borges
PT/ADPRT/JUD/TRPRT/143/06413
Cópia da planta cadastral do projeto de mercado coberto no terreno não edificado pertencente ao Banco Ultramarino, compreendido entre as ruas das Congostas, D. Fernando e Ferreira Borges (atual Mercado Ferreira Borges), no espaço do antigo Convento de S. Domingos. Parte integrante de processo de expropriação (apelação cível) do fundo do Tribunal da Relação do Porto.
Mercado Ferreira Borges
PT/ADPRT/EMP/NP/0014/00059
Fotografia pertence ao fundo do Norte Popular, Jornal regionalista de cariz popular, datado dos anos 70-80, do século XX, cujo arquivo foi doado pela Universidade Popular do Porto.
Maquete do projecto de Vieira de Lima para Mercado Ferreira Borges
PT/ADPRT/EMP/NP/0014/00134
Fotografia pertence ao fundo do Norte Popular, Jornal regionalista de cariz popular, datado dos anos 70-80, do século XX, cujo arquivo foi doado pela Universidade Popular do Porto.
Vitrine 4 Curiosidades
Alpercatas em madeira
PT/ADPRT/ASS/LPPS/DIR/013-006/000271
Par de alpercatas/alpergatas em madeira, afixadas por parafusos metálicos em suporte para pendurar horizontalmente, em madeira e cortiça. Produzidas na sequência da Campanha do “Pé de descalço”, inserem-se no fundo da Liga Portuguesa de Profilaxia Social.
Tombo dos bens, rendas, e Igrejas do Mosteiro de Grijó
PT/ADPRT/MON/CVSSGVNG/001/0015
Mandado fazer por D. Pedro I em 1365, este livro é conhecido pelo nome de "Livro das campainhas", por ter sinetas desenhadas na margem dos fólios, junto à menção de cada igreja. De realçar que todo ele é feito em pergaminho.
Fundo: Convento de São Salvador de Grijó.
Carta da diretora relativa à receção de crianças no dia 20 de março de 1852
PT/ADPRT/ACD/CRPRT/AE/001/21956
Processo de Margarida Rosa Clara: bilhete e sino de Salomão de chumbo enfiado num atilho de morim branco.
Fundo: Casa da Rosa do Porto.
A grande catástrofe do Teatro Baquet: narrativa fidedigna do terrível incêndio occorrido em a noite de 20 para 21 de março de 1888, precedida da história do teatro
PT/ADPRT/COL/CDAC/014/019/01782
Edição original coordenada por Jaime Filinto e ornada com cinco magníficas fototipias reproduzindo as ruínas do teatro, interior e exteriormente. Inclui vários recortes de jornal colados e 4 soltos, todos com notícias sobre o incêndio do Teatro Baquet.
Fundo: Coleção de documentos das artes cénicas.
O projeto 25 ANOS > 25 TEMAS pretende celebrar os 25 anos da transferência do ADP para parte do Mosteiro de S. Bento da Vitória.
Assim, a cada 10 dias serão expostos, ao público em geral na entrada do Serviço de Referência, um conjunto de documentos originais, organizados em torno de 25 temas.
Os temas e os documentos serão posteriormente publicados nesta página ao longo do ano, para usufruto de todos os que não puderam deslocar-se às nossas instalações.
Clique no tema pretendido para aceder aos documentos.
Tema 1: "As carquejeiras do Porto"
Tema 2: "100 anos da Reconstrução do Teatro São João"
Tema 3: "A peste Bubónica no Porto"
Tema 4: Festas Populares e Romarias
Tema 5: Outros Suportes de Arquivo
Tema 6: As ruínas do Mosteiro de S. Bento da Vitória
Tema 7: 65 anos da morte de Cármen Miranda e 110 anos da sua ida para o Brasil
Documentos em exposição
Vitrine 1
TOMBO DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO DE AVÉ-MARIA
PT/ADPRT/MON/CVSBAMPRT/0177
Fundado por iniciativa de D. Manuel I no local denominado das Hortas do Bispo ou da Cividade, o Convento ou Mosteiro de São Bento de Avé-Maria foi um edifício, demolido no final do século XIX, que albergou monjas beneditinas. Localizava-se na esquina da Praça de Almeida Garrett e da rua do Loureiro, no mesmo local onde atualmente se situa a Estação Ferroviária de Porto-São Bento, construída no início do século XX.
ESCRITURA DE COMPRA E VENDA EM QUE SÃO INTERVENIENTES APENAS MULHERES
PT/ADPRT/NOT/CNVCD14/001/0028/00016 (fl. 34-36)
Venda, datada de 27 de março de 1615, de uma leira de um campo sito no termo da Póvoa de Varzim, pelo preço de 2500 reais, feita por Damiana Fernandes, viúva de João Dias, calafate, moradora em Vila do conde, e 3 outras mulheres, moradoras na Póvoa de Varzim, a Catarina de Faria, viúva de João Calvo, moradora na Póvoa de Varzim.
TRANSCRIÇÃO DO TESTAMENTO E INSTITUIÇÃO DE CAPELA, DE D. BEATRIZ DE MENESES, CONDESSA DE MARIALVA E LOULÉ
PT/ADPRT/MON/CVMDMPRT/008/0011
Beatriz de Meneses foi filha única de Henrique de Meneses, um dos grandes dignitários da Corte de D. Afonso V, que, por acordo feito com a Coroa, conseguiu assegurar que a sua Casa passasse para sua filha na falta de varão. D. Beatriz, que veio a ser 2.ª Condessa de Loulé, na sucessão de seu pai, e condessa consorte de Marialva, por casamento com Francisco Coutinho, 4.º Conde de Marialva, também teve uma única filha. À semelhança da mãe, também D. Guiomar Coutinho pôde herdar o património dos seus pais, por carta de D. Manuel I, de 18 de junho de 1504, tornando-se assim na 3.ª condessa de Loulé e 5.ª condessa de Marialva.
REGISTOS DE ENTRADAS DO MOSTEIRO DE SANTA CLARA DO PORTO
PT/ADPRT/MON/CVSCPRT/0087
Contém registos das " Entradas tanto das Religiosas como das Seculares que entram para o Convento com licença canónica e régia...". Os registos incluem a entrada de religiosas do convento que, por diversos motivos se ausentaram, e novas entradas. Referem o dia e a hora da entrada e, no caso das novas entradas, o nome dos pais e a naturalidade.
O primeiro registo é de uma entrada de 1808 e o último de 1899.
LIVRO COM RITUAL PARA LANÇAR O HÁBITO ÀS NOVIÇAS
PT/ADPRT/MON/CVMDMPRT/005/0043
O modo de lançar o hábito às noviças era um cerimonial que se revestia de um conjunto de formalidades e requisitos. Este livro pertence ao fundo do Convento da Madre de Deus de Monchique – Porto e as suas religiosas eram observantes da Regra de Santa Clara.
Vitrine 2
AS AMAS DA CASA DA RODA DO PORTO
PT/ADPRT/ACD/CRPRT/AE/005/0389
Este é o livro 1.º das entradas e termos das amas da Casa da Roda do Porto.
Estes registos referem as circunstâncias de contratação e de expulsão/saída de funções das amas contratadas.
O registo em exposição está datado de 28 de outubro de 1770. A ama mencionada foi expulsa de funções em 19 de maio de 1772 porque “se ocupava na cozinha / em fazer guisados para seu / marido, e não contente com / lhe falar todas as noites / da Roda em toda a ocazi-/ ão que sahia fora ela a es- / perava, e se demoravão largo tempo a conversar / em prejuízo das criansas sen-/do muitas vezes advertida”.
FOTOGRAFIAS QUE REPRESENTAM MULHERES A TRANSPORTAR CARQUEJA E RESULTADOS DO INQUÉRITO SOBRE CARQUEJEIRAS
PT/ADPRT/ASS/LPPS/DIR/013-026/0487 (processo) | PT/ADPRT/ASS/LPPS/DIR/013-026/0677 (fotografias)
O relatório do inquérito às carquejeiras e carquejeiros foi produzido pela Delegação de Saúde do Distrito do Porto. O processo inclui fichas de questionário individual.
Esta documentação pertence ao fundo da LPPS (Liga Portuguesa da Profilaxia Social).
LIVRO DE REGISTO INDUSTRIAL DE MULHERES E MENORES
PT/ADPRT/EMP/JA-03/010/0016
Livro relativo ao ano de 1907, que servia para o registo do trabalho dos menores e das mulheres, efetuado em modelo próprio (modelo 701, da Imprensa Nacional) por imposição legal (Decretos de 1891-04-14 e 1893-03-16), do Ministério de Obras Publicas, Comércio e Indústria, Repartição da Indústria/ Serviço de Inspeção do Trabalho dos Menores e das Mulheres nos Estabelecimentos Industriais.
CARTA, E RESPETIVA TRANSCRIÇÃO DATILOGRAFADA, DE UMA BALCONISTA A DENUNCIAR TRATAMENTO DISCRIMINATÓRIO E A SOLICITAR A AÇÃO DA LIGA PARA APOIAR O SEU DIREITO DE CASAR
PT/ADPRT/ASS/LPPS/DIR/013-025/0537
Um dos muitos pedidos dirigidos à LPPS, enquadrados na campanha que promoveu em favor do levantamento da proibição de casar, que impendia sobre as funcionárias de diversas empresas privadas e organismos públicos.
Vitrine 3
RECORTES DE IMPRENSA RELATIVOS À LUTA DAS ENFERMEIRAS PELO DIREITO DE CASAR
PT/ADPRT/ASS/LPPS/DIR/013-025/0536
Faz parte do processo constituído por uma coleção de recortes extraídos de diversos jornais sobre o tema do levantamento da interdição de casamento, imposta às enfermeiras.
ANÚNCIO PUBLICADO NO JORNAL DE SANTO TIRSO RELATIVO A PROCESSO DE INTERDIÇÃO DA ESPOSA
PT/ADPRT/JUD/TCSTS/075/01756 (1884)
Inserido na série judicial de “Interdições e inabilitações”, trata-se de um processo de 1884, em que o marido declara a mulher como incapaz, condicionando-lhe os direitos sobre o património.
AÇÃO DE SEVÍCIAS DO JUÍZO DE DIREITO DE FELGUEIRAS
PT/ADPRT/JUD/TCFLG/125/00744
Processo Judicial, datado de 17 de junho de 1872, interposto por Leonor Rosa de Guimarães a seu marido por maus tratos e infidelidade. Contextualiza-se num conjunto de processos especiais, através dos quais se induz que a separação judicial de pessoas e bens não dissolve o vínculo conjugal, mas extingue os deveres de coabitação e assistência, sem prejuízo do direito de alimentos e realiza a separação tal como se houvesse a dissolução do casamento.
A CARTA DE CHAMADA DA MÃE DE CÁRMEN MIRANDA
PT/ADPRT/AC/GCPRT/J-E/099/0225 - Processo n.º 7
Cármen Miranda, nascida Maria do Carmo Miranda, foi levada para o Brasil, no ano a seguir ao seu nascimento, e mantém-se ainda hoje como um ícone e um símbolo internacional do Brasil e da Língua Portuguesa no exterior.
O processo de passaporte de sua mãe, Maria Emília Miranda, inclui informação sobre a família e uma carta de chamada enviada pelo pai, que já estava no Brasil.
Para as mulheres, as CARTAS DE CHAMADA eram documentos de autorização obrigatórios, podendo ser encontradas em muitos processos de passaporte.
Repletas de uma riqueza patrimonial e cultural, elas expressam, na 1.ª pessoa, a realidade da época, a vivência do quotidiano e todo um conjunto de hábitos e costumes que fazem delas excelentes fontes de informação.
Vitrine 4
AS MULHERES REPRESENTADAS NAS ARTES DE PALCO
PT/ADPRT/COL/CDAC/005/001/00603 (ENTRE AS MULHERES: PEÇA FANTÁSTICA EM 3 ACTOS E 6 QUADROS)
PT/ADPRT/COL/CDAC/005/001/00081 (JOGO, VINHO E MULHERES: PEÇA FANTÁSTICA)
As peças representam bem a forma como era vista e analisada a mulher e o seu papel na sociedade.
Na peça “ ENTRE AS MULHERES”, representada no Teatro Carlos Alberto no Porto, entre finais do séc. XIX e inícios do séc. XX, as mulheres aparecem inclusivamente tipificadas e caricaturadas, de acordo com o país de onde eram originárias.
HOMENAGENS ÀS ARTISTAS E ÁLBUM COM FOTOGRAFIAS DE ATRIZES
PT/ADPRT/COL/CDAC/018/025/1482 (Álbum de Fotografias e Postais)
PT/ADPRT/COL/CDAC/014/019/01447 (Homenagem a Palmira Bastos)
Em 1780, D. Maria I vetou por decreto a participação de mulheres no teatro. Tal veto não impediu, contudo, a presença feminina em palco, mas é sobretudo no decurso da suspensão do veto, que a presença das atrizes se tornou mais constante. Algumas artistas, como Palmira Bastos, Cacilda Ortigão ou Lucinda Simões, conseguiram atingir um reconhecimento popular nacional e internacional.
As várias homenagens feitas a estas artistas femininas evidenciam bem a popularidade e a própria aceitação social de algumas destas mulheres, não descurando os seus papéis tradicionais também.
"MÁ LINGUA" NA RIBEIRA, PELA FRESQUINHA
PT/ADPRT/EMP/NP/0014/00316
Fotografia retratando mulheres a conversar na Ribeira do Porto. Pertence ao fundo do Norte Popular, Jornal regionalista de cariz popular, datado dos anos 70-80, do século XX, cujo arquivo foi doado pela Universidade Popular do Porto.
Vitrine 5
AURORA TEIXEIRA DE CASTRO, A PRIMEIRA NOTÁRIA DE PORTUGAL
PT/ADPRT/NOT/CNVLG/001/0342
Foi advogada, autora, tradutora e ativista pelos direitos da mulher, sendo reconhecida como a primeira notária a exercer em Portugal e na Europa e a segunda a exercer advocacia no país, após Regina Quintanilha. No distrito do Porto, foi notária no Cartório Notarial de Penafiel e Valongo, mas iniciou a sua carreira como notária pública na Rua de Alcântara em Lisboa, tendo celebrado a sua primeira escritura em 16 de agosto de 1921 (Torre do Tombo).
Foi também vice-presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, sendo de enaltecer a sua determinação quer na defesa dos direitos das mulheres na sociedade portuguesa quer no direito ao exercício da profissão de notária.
REGISTO DE LEOPOLDINA FERREIRA PAULO, A 1.ª MULHER DOUTORADA PELA UNIVERSIDADE DO PORTO
PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0071 (assento 76, fl. 58v)
Leopoldina Ferreira Paulo foi uma antropóloga portuguesa e foi a 1.ª Mulher doutorada da Universidade do Porto (1945). Nasceu na freguesia da Vitória a 12 de janeiro de 1908.
A partir de 1954, dirigiu o Centro Universitário Feminino da Mocidade Portuguesa.
De referir que a Mocidade Portuguesa Feminina (MPF) nasceu em 1937 com o objetivo de criar a nova mulher portuguesa: boa esposa, boa mãe, boa doméstica, boa cristã, boa cidadã sempre pronta a contribuir para o Bem comum, mas sempre longe da intervenção política deixada aos homens.
A primeira mulher doutorada pela Universidade do Porto foi também a cara do primeiro retrato de uma mulher no Salão Nobre da Universidade do Porto, em 2019.
CARTA E FOTOGRAFIA DE VIRGÍNIA MOURA
PT/ADPRT/EMP/NP/0014/00278 (fotografia) | PT/ADPRT/ASS/LPPS/DIR/013-018/0580 (carta)
Virgínia Faria de Moura foi a segunda engenheira civil que se formou em Portugal, mas tornou-se sobretudo conhecida por ser uma ativista política resistente ao Estado Novo.
A carta, assinada pela própria, denuncia as condições desumanas em que se encontrava o seu marido na prisão. Foi dirigida à Liga Portuguesa de Profilaxia Social, na tentativa de envolver esta associação nacional, sedeada no Porto, na luta pelos direitos dos presos políticos.
A fotografia, com Virgínia Moura ao centro, foi tirada no dia 25 de abril de 1974 e pertence ao fundo do Jornal Norte Popular.
O poeta Teixeira de Pascoais chamou-lhe «uma grande força da Natureza» e Ferreira de Castro considerou-a «uma das mais corajosas mulheres de Portugal».
25 ANOS > 25 TEMAS
Tema 8 – Memórias da Escola Prática Comercial Raul Dória
O regresso às aulas marca sempre o início de um novo ciclo e é um bom pretexto para divulgarmos algumas memórias de uma Escola Prática Comercial que funcionou, durante 62 anos, entre 1902 e 1964, na cidade do Porto. O arquivo da instituição foi doado ao Arquivo Distrital do Porto em 1965.
A Escola começou a sua atividade a partir da iniciativa particular de Raul Dória, que, com apenas 24 anos, passou a ministrar as disciplinas de Comércio e Caligrafia numa sala da sua própria casa. A 30 de novembro de 1902, porém, a Escola instala-se numa casa da rua do Bonjardim, adotando a designação de Escola Prática Comercial Raúl Dória, vocacionada para o ensino técnico comercial. Em 1904 muda-se para a rua Fernandes Tomás, mas o seu crescimento obriga a uma nova mudança, a 9 de Outubro de 1907, para o palacete das Lousas, na rua Gonçalo Cristóvão, n.º 189 e 191. Teve ainda uma secção feminina no n.º 28 da praça da Trindade.
Considerada a primeira escola do género na Península Ibérica e baseando-se nos métodos de instituições europeias e americanas, coloca a tónica no ensino prático para o qual possuía excelentes instalações e material didático próprio. Entre o conjunto dos cursos lecionados destacava-se o de Empregado de Escritório, de Guarda-Livros e de Caixeiro Viajante. A escola recebia alunos externos e internos e ministrava cursos noturnos, de férias e por correspondência.
Estabelecimento único em Portugal, a Escola informava as famílias dos alunos quanto aos resultados obtidos, através de boletins trimestrais, mensais e diários (no caso dos mais incumpridores), disponibilizava edições de obras mais baratas, através de uma tipografia própria, permitia o acesso às bibliotecas da Escola e, no final do curso, apoiava ativamente os diplomados na procura de emprego.
Documentos em exposição
Álbum de recortes
PT/ADPRT/EMP/EPCRD/DIR/001
Trata-se de uma série factícia organizada por critérios subjetivos e produzida fora do contexto orgânico-funcional da instituição que contém recortes de imagens de professores, alunos, espaços e equipamentos da escola, eventos, entre outros.
Manuais Escolares
PT/ADPRT/EMP/EPCRD/LIV-B/047/0127
A Escola tinha uma tipografia própria e apoiava os alunos com a edição de manuais mais baratos. Ainda é possível consultar os seguintes manuais: Aritmética Prática; Escrituração Comercial; Escrituração e Economia Doméstica; Escrituração de Seguros; Noções Especiais de Comércio; Noções Gerais de Comércio; Verbetes e Folhas Móveis e Vocabulários Comerciais em Francês- Português e Português - Francês (17 livros).
Hino da Escola Raul Dória
PT/ADPRT/EMP/EPCRD/DIR/004/0003
Pautas de música contendo o Hino da Escola Prática Comercial Raul Dória, para flauta, primeiro e segundo violinos.
Regulamentos Internos
PT/ADPRT/EMP/EPCRD/DIR/008/0003
Regulamento interno para os alunos externos e deveres a cumprir no dormitório.
Anúncio publicitário da instituição
PT/ADPRT/EMP/EPCRD/DIR/007
Identifica a oferta formativa disponibilizada pela Escola.
Divulgação de evento comemorativo
PT/ADPRT/EMP/EPCRD/DIR/005/0003
A comemoração dos seus aniversários era um momento social importante para a Escola que, nestas ocasiões, abria as suas instalações à população, através da promoção de bailes e de outras iniciativas.
Caderneta escolar de um aluno
PT/ADPRT/EMP/EPCRD/SEC-B/018
Contém o registo de informações pessoais, notas e observações da vida escolar do aluno durante a sua frequência do ensino liceal. As mais recentes, com esta, contêm também a fotografia do aluno.