O Arquivo Distrital do Porto junta-se às comemorações nacionais do Bicentenário do Nascimento de Camilo Castelo Branco através de uma “viagem” a vários fundos arquivísticos à sua guarda.
Os documentos expostos são representativos da sua história pessoal e familiar, dos amigos e outras personalidades suas contemporâneas, incluindo referências a parte da sua vasta obra literária e a outros autores do Romantismo. Alguns destes documentos retratam ainda espaços da baixa portuense que serviram de cenário à vida e obra de Camilo Castelo Branco.
“Arquivos de Perdição” é uma mostra documental que propõe uma reflexão sobre a relevância dos arquivos, não apenas como fontes primárias e únicas de informação, mas também como meios para resgatar e compreender as diversas “viagens” que fazem parte da memória coletiva.
Vitrine 1
REGISTO DE CASAMENTO DE CAMILO CASTELO BRANCO E ANA AUGUSTA PLÁCIDO (1888)
Casamento de Camilo e Ana Plácido, celebrado a 9 de março de 1888, na sequência de uma atribulada história de amor que resultou, anos antes, na prisão preventiva de ambos na antiga Cadeia da Relação do Porto, atual Centro Português de Fotografia.
PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0064/000001, fls. 26 e 26v, assento n.º 25
Fundo: Paróquia de Santo Ildefonso
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Vitrine 2
REGISTO DE BATISMO DE JOAQUINA (1826)
Joaquina Pereira de França, filha de Sebastião Martins dos Santos e Maria Pereira de França, nasceu a 23 de novembro de 1826, foi a primeira mulher de Camilo Castelo Branco, com quem teve uma filha, Rosa.
PT/ADPRT/PRQ/PGDM09/001/0008, fl. 275v
Fundo: Paróquia de São Cosme
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REGISTO DE BATISMO DE ANA AUGUSTA PLÁCIDO (1831)
Ana Plácido, filha de António José Plácido Braga e Ana Augusta Vieira, nasceu a 27 de setembro de 1831 e foi batizada a 8 de outubro desse ano.
PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/001/0040, fl. 139
Fundo: Paróquia de Santo Ildefonso
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CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA POR JOÃO ALLEN (1827-1845)
Cartas recebidas por João Allen na sequência do trabalho que desenvolveu para a constituição do espólio inicial do Museu Portuense, que posteriormente deu origem ao atual Museu Soares dos Reis.
Em 1839, João Allen iniciou a compra das propriedades que viriam a dar origem à Quinta D’Allen, local de casamento de Ana Plácido com Manuel Pinheiro Alves.
PT/ADPRT/PSS/JA/0001
Fundo: Arquivo Pessoal de João Allen
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Vitrine 3
ESCRITURA DE DOTE DO PRIMEIRO CASAMENTO DE ANA AUGUSTA PLÁCIDO (1850)
Escritura de dote lavrada entre os pais de Ana Plácido e o seu futuro marido, Manuel Pinheiro Alves, datada de 27 de setembro de 1850, no dia anterior à cerimónia de matrimónio.
PT/ADPRT/NOT/CNPRT01/001/0467, fls. 27v e 28
Fundo: 1.º Cartório Notarial do Porto
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AUTO DE INVESTIGAÇÃO DO NAUFRÁGIO DO VAPOR PORTO E RELAÇÃO DE FAMILIARES DAS VÍTIMAS (1852)
Documentos produzidos pela Administração do Terceiro Bairro, na sequência do naufrágio do navio vapor “Porto”, ocorrido a 29 de março de 1852. O pai de Ana Plácido foi uma das vítimas deste naufrágio.
Auto enviado ao juiz de direito criminal com o intuito de apurar as causas e responsabilidades do naufrágio (doc.1); e mapa com informações sobre as famílias das vítimas que, devido à sua condição de extrema pobreza, necessitavam de assistência da “caridade pública” (doc. 2).
PT/ADPRT/AC/GCPRT (Mç. 6), (6.6.2 e 6.4.1)
Fundo: Governo Civil do Porto
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Vitrine 4
REGISTO DE BATISMO DE MANUEL AUGUSTO (1858)
Manuel foi batizado a 6 de outubro de 1858, tendo nascido a 11 de agosto desse ano. Neste registo, aparece como filho de Manuel Pinheiro Alves e de Ana Augusta Plácido Pinheiro Alves. Alguns autores atribuem a paternidade a Camilo Castelo Branco.
PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0018, fl. 86v
Fundo: Paróquia de Vitória
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REGISTOS DE BATISMO DE JORGE CAMILO E NUNO PLÁCIDO (1865)
Os dois filhos de Camilo e Ana Plácido foram registados no mesmo dia, na Paróquia de Vitória, cidade do Porto, a 6 de janeiro de 1865.
Jorge nasceu em Lisboa a 28 de junho de 1863 e Nuno nasceu na mesma freguesia de batismo, a 15 de setembro de 1864.
PT/ADPRT/PRQ/PPRT15/001/0024, fl. 7v, assento n.º 12 e fl. 8, assento n.º 13
Fundo: Paróquia de Vitória
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Vitrine 5
REGISTO DE CASAMENTO DE BERNARDINA AMÉLIA (1875)
Bernardina Amélia, filha de Camilo Castelo Branco e de Patrícia Emília de Barros, casou a 28 de dezembro de 1875 com António Francisco de Carvalho. No registo, é mencionado que vivia no “Convento de Avé-Maria do Porto”.
PT/ADPRT/PRQ/PGDM11/002/0030, fls. 24 e 24v, assento n.º 24
Fundo: Paróquia de Valbom
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OFÍCIO DA ABADESSA MARIA DA GLÓRIA DIAS GUIMARÃES (1890)
Cópia do ofício enviado pela última abadessa do Convento de São Bento de Avé-Maria ao Cardeal D. Américo, Bispo do Porto, comunicando a vontade de ser dispensada do “ofício mensal”. A religiosa faleceu dois anos depois.
Foi neste convento que Bernardina Amélia, filha de Camilo, viveu até aos dezassete anos, sob a responsabilidade da monja Isabel Cândida Vaz Mourão, amante de Camilo.
PT/ADPRT/MON/CVSBAMPRT/0244
Fundo: Convento de S. Bento de Avé-Maria – Porto
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LIVRO RITUAL DO CONVENTO DE MONCHIQUE (1717)
Pequeno livro no qual se descreve o ritual a seguir no momento de “lançar o hábito”, ou seja, na cerimónia de entrada das seculares neste Convento no Porto.
Na obra “Amor de Perdição” é neste espaço religioso que Teresa dá entrada e vê Simão partir para o degredo.
PT/ADPRT/MON/CVMDMPRT/025/0043
Fundo: Convento de Madre Deus de Monchique – Porto
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Vitrine 6
ÁLBUM DESCRITIVO DA LIVRARIA CHARDRON (1904)
Álbum de 1904 da antiga Livraria Chardron, atualmente Livraria Lello, que foi responsável pela publicação de várias obras literárias de Camilo Castelo Branco. Na fl. 8, surge a seguinte menção: “bastava a produção das obras de Camilo, que o grande livreiro francês tanto admirava, para manter a livraria aberta” (fl. 5). O álbum inclui informações sobre a história da livraria, sobre o seu edifício, fotografias do espaço interior e um relato do dia da inauguração do novo edifício na Rua das Carmelitas.
PT/ADPRT/PSS/FXE/C/002/0024
Fundo: Francisco Xavier Esteves
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“A COMÉDIA A SÉRIO” (1883)
Obra de autoria de Augusto Gama, com uma carta-prefácio de Camilo Castelo Branco. Inclui ainda um recorte de jornal de 1938, que anuncia o falecimento do autor, mencionando que o mesmo se encontra sepultado ao lado de Camilo Castelo Branco.
PT/ADPRT/COL/CDAC/004/023/01751
Fundo: Coleção Documentos das Artes Cénicas
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“O DIABO NA ALDEIA” (1916)
Revista adaptada da obra “O Lobisomem” de Camilo Castelo Branco, pelo Teatro Fonseca Moreira (Felgueiras).
PT/ADPRT/COL/CDAC/005/001/01557
Fundo: Coleção Documentos das Artes Cénicas
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CARTA ENVIADA AO CÓNEGO JOÃO BERNARDO [1840-1848?]
Carta não datada, endereçada ao cónego da Sé do Porto, João Bernardo, protagonista do poema épico “A Murraça” (1848) de Camilo Castelo Branco. Esta carta foi encontrada avulsa num dos Livros de Sentenças do Cabido da Sé do Porto.
PT/ADPRT/DIO/CABIDO/008/0746
Fundo: Cabido da Sé do Porto
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Vitrine 7
QUERELA PÚBLICA CONTRA JOSÉ TEIXEIRA DA SILVA (1852-1861)
Processo judicial relativo a crimes da quadrilha chefiada por José Teixeira da Silva, mais conhecido por Zé do Telhado, cometidos em várias comarcas do distrito do Porto.
José Teixeira da Silva esteve preso na Cadeia da Relação com Camilo Castelo Branco, de quem se tornou amigo. O escritor faz-lhe referência na obra “Memórias do Cárcere”.
PT/ADPRT/JUD/TRPRT/145/01400
Fundo: Tribunal da Relação do Porto
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AGRAVO CRIME DE URBINO DE FREITAS (1893)
Processo relativo à acusação feita pelo Ministério Público a Vicente Urbino de Freitas, por envenenamento de alguns membros da família da sua esposa. O seu irmão, João António Freitas Fortuna, foi testemunha do casamento de Camilo com Ana Plácido e um grande amigo do escritor.
Urbino de Freitas, João Freitas Fortuna e Camilo Castelo Branco estão sepultados no mesmo jazigo, no Cemitério da Lapa.
PT/ADPRT/JUD/TRPRT/138/00669
Fundo: Tribunal da Relação do Porto
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BOLETIM OFICIAL DA PESTE BUBÓNICA (1899)
Um dos relatórios que Ricardo Jorge, médico no Serviço Municipal de Saúde e Higiene e responsável pelo Laboratório Municipal de Bacteriologia, elaborava diariamente durante o surto de peste bubónica no Porto.
Além de testemunha no casamento de Camilo e Ana Plácido, Ricardo Jorge acompanhou e promoveu a entrada de Jorge, filho do casal, no Hospital Conde de Ferreira.
PT/ADPRT/AC/GCPRT (Mç. 614)
Fundo: Governo Civil do Porto
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Vitrine 8
“O ARCO DE SANT'ANA” (1875)
Drama lírico em quatro atos adaptado da obra de Almeida Garrett, uma das maiores figuras do Romantismo português, contemporâneo de Camilo Castelo Branco.
PT/ADPRT/COL/CDAC/009/008/00142
Fundo: Coleção Documentos das Artes Cénicas
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“O MÉDICO À FORÇA: COMÉDIA À ANTIGA” (1917)
Texto de Molière (1622-1673), traduzido por António Feliciano de Castilho, que foi amigo próximo de Camilo Castelo Branco e o acompanhou nos últimos anos da sua vida, altura em que enfrentava graves problemas de visão.
PT/ADPRT/COL/CDAC/004/023/01752
Fundo: Coleção Documentos das Artes Cénicas
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CORRESPONDÊNCIA DE ALEXANDRE HERCULANO ENVIADA AO GOVERNO CIVIL DO PORTO (1834)
Carta de Alexandre Herculano que menciona o envio de livros de Coimbra para a Real Biblioteca Pública do Porto, aquando da extinção das Ordens Religiosas. Esta correspondência refere os primeiros anos de atividade desta Biblioteca Municipal.
Em 1858 vagou o cargo de 2.º Bibliotecário na Real Biblioteca Pública do Porto e Alexandre Herculano propôs que esse cargo fosse ocupado por Camilo Castelo Branco, numa carta onde destaca as qualidades de Camilo. No entanto, o escolhido para este cargo foi o filho de João Allen, Eduardo Augusto Allen, a quem Camilo nunca perdoou.
PT/ADPRT/AC/GCPRT/F/089/0001 (Mç. 556-557)
Fundo: Governo Civil do Porto
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Vitrine 9
PLANTA TOPOGRÁFICA DE PARTE DA FREGUESIA DA VITÓRIA (1961)
Reprodução de finais do século XIX que permite identificar: o Mosteiro de S. Bento da Vitória, a antiga Cadeia da Relação (onde estiveram presos Camilo Castelo Branco e Ana Plácido) e parte da freguesia da Vitória, em especial a rua Dr. Barbosa de Castro, onde se encontra a casa em que terá nascido o autor Almeida Garrett.
PT/ADPRT/AC/RMN/03-04/0003/00004
Fundo: Região Militar Norte
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PEÇA DESENHADA DE PARTE DA BAIXA DO PORTO [1801-1850?]
Representa a Igreja dos Congregados, parte da Rua de Santo António (atual Rua 31 de Janeiro) e parte da atual Avenida dos Aliados. O espaço aqui retratado serviu de cenário a alguns romances de Camilo Castelo Branco, como “Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado” (1863), mas ilustra também parte da atual Praça da Liberdade, onde se situava o Café Guichard frequentado por Camilo Castelo Branco e outros autores e artistas seus contemporâneos.
PT/ADPRT/AC/CAAABC/00074
Fundo: Comissão Auxiliar da Administração dos Antigos Bens Cultuais
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PEÇA DESENHADA DE PARTE DA FREGUESIA DA SÉ (1903)
Ilustra o espaço entre a rua de Trás da Sé e as escadas das Verdades e do Barredo (freguesia da Sé), que serviu de cenário à obra “A Murraça”, de Camilo Castelo Branco, e a parte da história do “Arco de Sant’Ana”, de Almeida Garrett. Para além disso, foi uma zona que se cruzou com a vida de Camilo, que viveu na rua dos Pelames, nessa zona, e esteve matriculado no Seminário do Porto.
PT/ADPRT/AC/CAAABC/00060
Fundo: Comissão Auxiliar da Administração dos Antigos Bens Cultuais
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Vitrine 10
PLANTA TOPOGRÁFICA DE PARTE DA FREGUESIA DE SÃO NICOLAU (1859)
Representação de espaço urbano entre o rio Douro, a rua de Ferreira Borges, o Largo de São Domingos, a rua de São João e outras da freguesia de São Nicolau. Esta planta representa uma área comum a vários cenários dos romances de Camilo Castelo Branco: desde o escritório de Fialho que se localizava na rua das Congostas (“Os Brilhantes do Brasileiro”, 1869), às descrições das várias lojas de comércio na rua das Flores (“Os Brilhantes do Brasileiro”, 1869; “A Filha do Arcediago”, 1871); o som dos sinos do Convento de S. Domingos (“A Filha do Arcediago”, 1871); e a presença dos ingleses nessa zona ribeirinha (“O Vinho do Porto - Processo de uma Bestialidade Inglesa!”, 1884).
PT/ADPRT/AC/JAE/DEP/000001
Fundo: Junta Autónoma das Estradas
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